quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Posso fugir?

Os muros dessa casa não me prendem mais. Os asfaltos são meu refúgio. E os hotéis são meu recanto. Os banheiros públicos minha privacidade. E as escadas o meu descanso. Pra que fugir? Se tudo isso é meu. Pego um lápis e meu caderno, escrevo os nomes daqueles que conheci. São muitos... Mas nenhum se lembra de mim. Porque eu sou passageira, eu vivo no mundo, o mundo, as ruas, as faces que encontro, todas são minhas e são os meus eis. Por que fugir? Deito na praia, e o céu inteiro está ali só pra mim. Essa sou eu. A passageira, que encontra no mundo o melhor para si. Posso fugir? Eu não sou a fugitiva, os fugitivos estão ao meu redor. Correndo para pegar um ônibus, distraídos em mais um telefonema. Esquecendo de tudo. Enquanto eu estou aqui, lembrando de tudo. Fugir? Essa palavra não faz sentido pra mim... Porque aqui, eu me encontro.

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